Neste friozinho, nada melhor do que algo para aquecer a alma! E para aqueles que pensam que na Alimentação Viva não tem "calor", precisa conhecer este delicioso texto retirado do blog "Culinária Viva", escrito por Juliana Malhardes
Hoje vim conversar com você sobre “Como aquecer o corpo com Alimento Vivo nos dias frios”. Tenho ouvido com freqüência pessoas expressando sua dificuldade em manter o projeto de “Florestamento Interno com Alimento Vivo” nos dias frios.
Ontem recebi um email com essa dúvida e decidi então que era preciso escrever e compartilhar aqui idéias sobre como olhamos o alimento e algumas dicas práticas que nos inspiram a manter os Germinados e os Brotos vitalizando os rios do nosso ecossistema corporal durante todos os dias do ano. Beleza? Então vamos lá!
Como aprendemos a comer em dias frios?
Quem nos alimentou desde a mais tenra idade, com todo o seu amor e dedicação, nos ensinou que o que mantém a vida no corpo são os alimentos que passam pelo fogo, bem quentes e cozidinhos. E fizeram isso muito direitinho, nos dando as comidinhas temperadas com amor e muito carinho. Esse contexto afetivo ao qual uma comida nos remete é chamado de memória afetiva. Nessa visão o alimento é mais que o alimento, ele nos remete a pessoas, lugares e a um lugar interno de acolhimento. Por exemplo, quando comemos a comidinha da vovó ou algo que se assemelha com ela, nos remetemos a um tempo, um cheiro, uma casa, um carinho e tudo mais. A comida nos faz acessar aquela memória. Algumas pessoas afirmam que esse amor que é transmitido através do alimento é o fomentador da vida no ecossistema corporal. Uma visão de muita profundidade, nada que nos ensinem na escola ainda.
Amornando com Amor
Assim aprendemos que a primeira forma de aquecer o corpo com o alimento vivo é criar novas memórias afetivas, ou seja, criar situações sociais, encontros onde o alimento vivo seja compartilhado de uma forma amorosa e feliz. Assim no inverno do tempo ou da alma, podemos acessar esse amor e esses afetos através das comidas que escolhemos preparar naqueles momentos. Se fizermos esse “dever de casa”, teremos certamente um inverno mais quentinho no ano seguinte. E não estou me referindo ao aquecimento global, mas sim ao fato de que teremos boas recordações para reviver no próximo ano. Ao logo dos anos de prática de Alimentação Viva, acumulamos memórias alimentares, que além de saborosas e afetivas, nos fazem sentir bem estar físico, resultado da revitalização do ecossistema corporal e gradativamente o nosso cardápio se torna mais biodiverso e saboroso, o que faz com que o dia a dia com alimento vivo se torne uma pratica muito simples e cotiana para qualquer pessoa.
E aprendemos a lição
Como seres amorosos que somos, aprendemos a lição dos afetos com naturalidade ao longo da vida. Aprendemos que essa ou aquela comida são as comidinhas de inverno e quase nem damos conta de pensar muito em saladas, sucos e frutas, não é mesmo? Queremos mesmo é algo bem quentinho que nos aqueça o corpo e a alma! Da alma já falamos. Agora vamos aquecer o alimento propriamente dito. Para isso vale lembrar que dentro do contexto da comida convencional, quando pensamos em comida viva ou crua, nos remetemos a legumes crus e frutas. Daí a idéia de um cardápio fica resumida a saladas e sucos. Mas não é de tomate e cenoura ralada que vivem os praticantes da Alimentação Viva. Hoje a Culinária Viva Brasileira apresenta uma grande variedade de afetos culinários de inverno como risotos, sopinhas, cremes, chocolates quentes, mingaus, letinhos,... Estamos salvos!
Como pensamos em aquecer um alimento?
Desde sempre a regra foi colocar o alimento no fogo, aquecer a altas temperaturas e comer quase que queimando a língua, certo? Bem, não para quem está pretendendo reflorestar internamente. Alguns de nós descobriram que podemos aquecer o alimento de outras maneiras! Surge nesse caminho o entendimento de que os germinados aquecem energeticamente o corpo. E isso também é uma das coisas que não aprendemos na escola ainda. Um exemplo meio tosco do que estou falando pode ser experimentado quando “esquecemos” o gergelim ou o girassol germinando no escorredor de louça e ele passa do ponto de colheita, quando tocamos o vidro, sentimos o calor que eles geram. “Possa ser” que continue assim dentro de nós. Já pensou nisso?
A Culinária Viva
Com suas técnicas e temperos, a culinária a base de sementes germinadas, brotos e vegetais crus, também nos ensina a preparar e aquecer uma boa comidinha viva de inverno apresentando receitas e formas de comer que nos remetem a comidinha convencional, o que nos ajuda a criar a memória afetiva que nos alimenta. Os exemplos já sitei acima.
Amornando com Temperos
Alguns temperos aquecem o nosso corpo, a sua presença já nos faz sentir o peito mais quentinho depois de comermos. Melhor ainda se amornamos os alimentos. Os temperos quentes mais comuns no meu dia a dia são:
Canela
Gengibre
Pimentas
Curry
Curcuma
Obs.: Desde já agradeço se você tiver dicas e sugestões para tornar minha lista mais biodiversa! Peço que envie para culinariaviva@gmail.com
Amornando as louças:
Podemos colocar as canecas e pratos em água bem quente para que, uma vez aquecidos, não roubem o calor dos alimentos amornados. Mesmo o Suco de Clorofila com sementes germinadas em um caneca quentinha ganha sabor de inverno e aquece nosso coração.
Amornando os alimentos vivos:
Lembra daquela idéia de que o nosso corpo é um ecossistema vivo formado por rios e florestas habitadas por trilhões de microorganismos vivos? Então na hora de amornar a comida viva a nossa mão funciona como termômetro da vida no alimento. Quando a mão não suportar o calor, o alimento também perde vida. Vale recordar que amornar o alimento significa dar calor a comida viva sem tirar a sua vitalidade. A comida permanece crua, mas fica “morninha”. Em todos os casos vamos usar o fogo baixinho e manter a mão dentro da panela durante todo o processo. Mexemos o alimento para que o calor circule de maneira uniforme sem cozinhar nenhuma parte.
Combinar temperos que aquecem o corpo, numa comidinha amornadinha servida numa louça quentinha pode ser uma deliciosa experiencia saborosa! Divirta-se.
Receitas e Dicas bem simples para inspirar:
Leite de Girassol Germinado
Liquidifico sementes de girassol germinado, maçãs, gengibre, canela em pó sem açucar, gotinhas de limão e água, passo no coador de voal e amorno (ele e a caneca, dependendo do frio).
Vale substituir a semente por amendoim germinado, amêndoas germinadas ou nozes germinadas.
Sopinhas Vivas
Mingau de banana
Liquidifico bananas, nozes germinadas (de molho por 12 horas), canela e um pingo de água. Se precisar acrescento frutas secas como passas claras para adoçar. Se você não é vegano, mel também adoça o paladar. Amorne naquela panelinha que tem cara de fazer mingau, sirva e polvilhe canela. Divirta-se.
Temperando sementinhas:
Uma idéia bem simples é temperar as sementinhas que você sabe germinar com os temperos que escolher, vale incrementar com shoyo ou sal, temperos frescos ou desidratados, tomates frescos, legumes ralados e amornar. E podemos descobrir que aquela comidinhas que parecia uma salada virou um lindo amornadinho.
Brinque e refloreste-se. O ano inteiro.
Com carinho,
Juliana Malhardes
Nenhum comentário:
Postar um comentário